Credores aprovam plano de recuperação judicial da Livraria Cultura

Credores aprovam plano de recuperação judicial da Livraria Cultura

Por Maurício Meireles

Os credores da Livraria Cultura aprovaram por ampla maioria, em reunião na tarde desta sexta-feira (12), o plano de recuperação judicial da empresa.

Eles aceitaram a proposta de até 70% de desconto na dívida, com até 12 anos de prazo para pagamento, somado a uma carência de dois anos – mas esses números podem ser mais suaves de acordo com a categoria em que cada credor é encaixado pela Cultura.

Já as dívidas trabalhistas serão quitadas até um ano depois da homologação do plano de recuperação judicial pela Justiça. O plano foi aprovado com poucas alterações.

Quando foi anunciada, em dezembro do ano passado, a proposta parecia dura demais para passar. O que pesou foi a falta de alternativa dos credores – a dívida do grupo é de quase R$ 300 milhões, enquanto seus ativos são de R$ 8,3 milhões. Ou seja, se fosse decretada a falência da rede de livrarias, só os credores trabalhistas, que têm privilégio, receberiam.

Cada categoria em que os credores estão divididos tem um deságio, carência e prazos próprios de pagamento – no caso de alguns, os prazos podem variar conforme os acordos de fornecimento.

Os editores que continuaram fornecendo mesmo após o anúncio da recuperação judicial, no ano passado, por exemplo, não terão nenhum desconto em sua dívida. Quem parou na época, mas for fornecer livros em determinado prazo após a homologação do plano pela Justiça terá 25% de deságio, em vez dos 70% para os demais.

“Quando entramos em recuperação judicial, há uma retração natural do crédito. Quem continuou a fornecer em condições normais [é recompensado]”, diz Fabiana Solano, advogada que representa a Livraria Cultura.

Entre os que votaram contra a aprovação estão o Banco do Brasil, a Suzano Papel e Celulose e o Google, entre outros. No grupo de editores que se opuseram, estão empresas como a Editora do Brasil e a É Realização. Ao todo, foram por volta de 40 votos contrários, mas cerca de 90% dos credores em todas as categorias votaram sim.

Entre as abstenções, estiveram o Bradesco e o Itaú, além da Editora Globo e o Grupo GEN.

“O prazo em que conseguimos aprovar esse plano de recuperação é importante. E isso é fundamental para a empresa voltar a seu funcionamento normal e para que os credores recebam o mais rápido possível”, diz Solano.

Com o processo de recuperação judicial tanto da Cultura quanto da Saraiva, as duas principais redes livreiras do país, o mercado editorial atravessa sua pior crise da última década.

Em um mercado que opera com a consignação, as duas redes vinham atrasando pagamentos repetidamente. Como efeito da crise nas duas empresas, editoras brasileiras já realizaram uma série de demissões no último ano.

Fonte: Valor Econômico

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