Oi demite 1,9 mil pessoas e corta despesas em 7,2%

Oi demite 1,9 mil pessoas e corta despesas em 7,2%

Operadora teve lucro líquido de R$ 1,78 bi no primeiro trimestre

Como resultado de seu processo de venda de ativos, a Oi reduziu suas despesas operacionais em 7,2% no primeiro trimestre de 2022, no comparativo com o mesmo período do ano passado. Em recuperação judicial, o plano da operadora é se tornar uma companhia mais leve e menos complexa, com foco na expansão de fibra ótica e tecnologias digitais. Do total da diminuição dos custos, 10,9% representam corte de gastos com pessoal – a redução do número de funcionários foi de 1.915 pessoas. A operadora tem hoje 6.370 colaboradores.

“Estamos chegando ao fim de uma grande jornada de recuperação, concluindo os passos mais críticos de nossa transformação. Trabalhamos em vários passos para tornar a Oi mais sustentável”, disse ontem o diretor de estratégia e experiência do cliente, Rogério Takayanagi, ao apresentar os resultados da empresa a analistas de mercado. “A equipe vem trabalhando para diminuir a complexidade da empresa e reduzir custos”, complementou. O presidente da companhia, Rodrigo Abreu, não pôde participar do evento devido a uma laringite.

De acordo com o executivo, a redução dos custos operacionais compensou a alta da inflação no período. Se as despesas caíram, os investimentos da Oi também tiveram forte redução no primeiro trimestre. Segundo a empresa, o resultado é fruto dos planos de desinvestimento da operadora, que, após entrar em recuperação judicial, dividiu seus ativos em cinco Unidades Produtivas Móveis (UPIs), que foram vendidas ao longo dos últimos três anos.

“Com a V.tal como rede neutra, investimos R$ 345 milhões na nova Oi, uma fração do investimento necessário caso fôssemos uma empresa totalmente integrada”, afirmou Takayanagi. Com a venda da rede de fibra da Oi, rebatizada de V.tal, para fundos do BTG, a operadora não tem mais a obrigação de investir em infraestrutura. A Oi é sócia minoritária da empresa de rede neutra.

O executivo disse que o processo de recuperação judicial deve terminar em “poucas semanas”. A administradora da recuperação judicial da Oi, o escritório Wald Advogados, entregou o relatório final pedido pelo juiz Fernando Cesar Ferreira Viana, da 7ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), contendo um quadro atualizado dos credores da companhia.

O documento mostra a situação atual dos acordos para pagamentos de dívidas da empresa. Agora, o processo passará pelos trâmites legais do TJ, até que o juiz se manifeste sobre o caso e elabore uma sentença.

A operadora registrou lucro líquido de R$ 1,78 bilhão no primeiro trimestre de 2022, ante prejuízo líquido de R$ 3,03 bilhões um ano antes. Por outro lado, as adições líquidas de serviço de fibra da Oi desaceleraram.

As adições líquidas de casas conectadas totalizaram 154 mil acessos no trimestre, cerca de 85% no segmento residencial. Nos últimos 12 meses, foram adicionadas 1,06 milhão. No quarto trimestre de 2021, foram 214 mil adições líquidas. As casas conectadas chegaram a 3,53 milhões no fim de março.

Takayanagi disse ainda que a operadora está atuando junto à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para melhorar a regulação do setor, permitindo seguir com a agenda da migração da concessão de telefonia fixa, em 2025, para o regime de autorização. “Estamos trabalhando de forma muito colaborativa com a Anatel para reduzir a complexidade do quadro regulatório, e também permitindo que nós sigamos com nossa agenda da concessão. A arbitragem segue, de acordo com o plano, e será um componente chave no estabelecimento da sustentabilidade da empresa”, afirmou.

As operadoras acionaram uma câmara arbitral, cláusula prevista no contrato de concessão, por entender que o governo deve R$ 36 bilhões decorrentes de decisões regulatórias e obrigações que caíram em desuso, como, por exemplo, a manutenção de determinado número de telefones públicos.

A Anatel, por sua vez, argumenta que a migração do regime vai liberar as empresas de investimentos obrigatórios previstos na privatização, e pede ressarcimento das teles, que poderiam reverter os valores em investimentos para a expansão da banda larga no país.

Fonte: Valor Econômico

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