Grupo de credores da Light apresenta contraproposta

Grupo de credores da Light apresenta contraproposta

O plano alternativo prevê a conversão de fatia de aproximadamente R$ 3,2 bilhões da dívida em participação acionária

Um grupo de debenturistas que detêm aproximadamente R$ 5 bilhões em créditos contra a Light apresentou nesta quinta-feira (22) proposta para reestruturar a dívida da companhia em recuperação judicial a partir da injeção de até R$ 1,5 bilhão em dinheiro novo, com a criação de fundo de investimento em direitos creditórios (FIDC). O plano alternativo prevê ainda a conversão de fatia de aproximadamente R$ 3,2 bilhões da dívida em participação acionária.

O FIDC proposto pelos credores teria prazo de duração de dez anos e carência de três anos para início do pagamento do principal. Os juros a serem pagos dependeriam de negociações futuras e o custo de estruturação do fundo seguiria o padrão de mercado, conforme apurou o Valor.

A proposta apresentada pela Light no fim de dezembro previa a capitalização de R$ 1,5 bilhão, sendo que R$ 1 bilhão seria aportado pelos acionistas de referência. A conversão desses recursos em papéis da companhia se daria pelo preço médio ponderado por volume (VWAP, na sigla em inglês) dos últimos 45 dias. Além disso, R$ 2,5 bilhões em dívidas seriam transformados em participação acionária utilizando o mesmo preço de conversão da capitalização.

“Dado que estamos enfrentando uma situação de reestruturação, nas condições que todos conhecemos, entendemos que os valores de negociação das ações no patamar atual (i.e. [isto é], próximo de R$ 5,50) estão descolados dos fundamentos do grupo Light, não correspondem ao valor justo para as ações LIGT3”, sustentam os debenturistas na proposta encaminhada na noite de ontem ao banco BR Partners, assessor financeiro da Light.

“Esse custo é muito caro. Preferimos ficar com a companhia”, resume uma fonte que acompanha de perto as negociações. O preço proposto pelos debenturistas para o aumento de capital através da conversão de dívida é de R$ 2 por ação.

A dívida da Light incluída no processo de recuperação judicial soma cerca de R$ 11 bilhões

Acionista detentor de 30,05% da holding Light S.A., o investidor Nelson Tanure chegou a afirmar a credores sua disposição de injetar R$ 1 bilhão na empresa. O plano alternativo desenhado pelos debenturistas dispensaria a injeção de recursos por parte de Tanure e permitiria aos credores ficar com até 80% do capital da companhia, caso os acionistas de referência não exerçam seu direito de preferência na subscrição de ações.

A dívida da Light incluída no processo de recuperação judicial soma cerca de R$ 11 bilhões. Desse total, R$ 6,4 bilhões correspondem a debêntures emitidas pela Light Serviços de Eletricidade S.A. (Light SESA).

A Light propôs no fim do ano passado uma opção de conversão de 40% dos débitos em ações. De acordo com o plano alternativo dos debenturistas, o restante dos créditos que não forem convertidos seriam transformados em papéis com prazo de dez anos e carência de três para pagamento do principal. Os títulos seriam remunerados por um taxa equivalente ao IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) mais 7,5% ao ano.

Já o credor que optar por não converter seus créditos ou que converter abaixo do patamar mínimo de 40% receberia nova dívida com prazo de dez anos e carência do principal de cinco. Nesse caso, a remuneração proposta seria o resultado da soma do IPCA mais 6% ao ano.

Ao final do documento, o grupo de credores destaca que “é fundamental que a BR Partners crie mecanismos de governança que assegurem que todas as propostas (independente de sua origem, acionistas, credores, não credores) serão avaliadas.”

Fonte: Valor Econômico


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