Tanure pede prioridade a pequeno credor em recuperação judicial da Oi

Tanure pede prioridade a pequeno credor em recuperação judicial da Oi

Por Juliana Schincariol | Valor

RIO – O empresário Nelson Tanure enviou carta ao presidente do conselho de administração da Oi, José Mauro Carneiro da Cunha, com propostas de mudanças no processo de recuperação judicial da empresa. O objetivo, segundo o documento, é priorizar o pagamento a pequenos credores, visando reduzir a quantidade total daqueles que têm dívidas a receber da operadora, para que a empresa possa, segundo ele, se focar na solução de maiores problemas.

Ele sugere que a companhia peça autorização ao juiz Fernando Viana, da 7ª Vara Empresarial do Rio, para o pagamento a pequenos credores. O empresário é dono de 7,1% da Oi por meio fundo Société Mondiale.

Tanure defende prioridade na negociação a partir dos clientes, empregados, fundos de pensão (citando aposentados), pequenos fornecedores e pequenos credores de varejo no Brasil e Portugal. Depois disso, entrariam na fila credores bancários como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Banco do Brasil, Itaú e Caixa Econômica Federal e o governo – referindo-se a multas da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e Secretaria da Receita Federal. Os “bondholders” e acionistas seriam os últimos a receber.

A proposta de Tanure vai de encontro à estratégia do empresário egípcio Naguib Sawiris, que na semana passada fechou um acordo de colaboração com os detentores de bônus da companhia representados pelo banco de investimentos Moelis para trabalhar em um plano alternativo, que inclui investimentos e reorganização operacional e que tenha o apoio dos demais credores e outras partes interessadas. O Valor noticiou nesta terça-feira que Sawiris pretende tornar-se acionista da Oi após a reestruturação da dívida da empresa, atualmente avaliada em R$ 65 bilhões.

No documento enviado à Oi na última sexta-feira, Tanure afirma que “jamais a lei deverá ser utilizada em prol dos interesses de credores, muito menos os grandes credores estrangeiros, em detrimento da recuperação da companhia.”

A carta afirma que a direção da operadora precisa aditar o plano de recuperação com medidas que de fato recuperem a Oi, “que a coloquem de volta ao mercado, de forma competitiva e eficiente”. O documento de Tanure pede que o plano seja “um instrumento para se chegar ao futuro traçado pela administração”, uma classificação que ele delimita como a “Nova Oi”. Ainda no documento, Tanure defende que o processo de recuperação judicial seja encerrado até 30 de junho de 2018.

Tanure sugere também um ambiente de austeridade na empresa, com medidas eficientes para cortes de custos e redução significativa de despesas classificadas como desnecessárias. No documento, o empresário indica a contratação da consultoria Falconi para implementar programa de eficiência na operadora.

Ele defende, ainda, que todo o plano de recuperação seja estruturado em recursos privados. “Nenhum dinheiro novo será requerido ao governo, em nenhuma das suas instituições”, argumenta. Na visão do empresário, se os problemas estruturais da Oi forem solucionados, haveria recursos privados “em abundância” para “investimento em projetos que tenham sentido econômico”.

Ele também propõe a negociação, com o governo federal, referente às multas impostas à Oi pela União, de cerca de R$ 12 bilhões. “Não há razoabilidade nem proporcionalidade entre as supostas infrações cometidas pela companhia e as vultuosas multas aplicadas”, disse.

Outras sugestões foram enviadas por Tanure, no mesmo documento. Entre elas estão a venda de ativos na África e na Ásia; a contratação de consultores externos, como a Fundação Getulio Vargas (FGV), para auxiliar no aperfeiçoamento do plano de recuperação judicial, e aumentar as receitas da companhia por meio da identificação de novos negócios e valores ocultos.

“A Oi é plenamente capaz de se tornar uma companhia moderna, com participação ativa em inovações tecnológicas, com imensa capacidade de criação de valor. Sua capilaridade e penetração em áreas com baixa concorrência conferem à companhia uma excelente vantagem competitiva”, afirmou Tanure no documento.

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