Por Victória Mantoan
A fornecedora do segmento metroferroviário TTrans protocolou esta semana, no Rio de Janeiro, um pedido de recuperação judicial para conseguir renegociar seus compromissos. Com dívidas que somam R$ 70 milhões, o plano da empresa é conseguir um investidor disposto a fazer uma injeção de capital que permita o pagamento dos compromissos e dê alguma folga para a companhia continuar operando. Para isso, ela contratou a Quist Investimentos e o escritório DASA Advogados.
Com faturamento de R$ 300 milhões anuais antes do agravamento da crise, a TTrans viu a receita cair mais de 35% em 2015 e 2016, tanto por conta de atrasos nos pagamentos de clientes quanto pela redução das obras de infraestrutura no país.
A carteira de clientes se divide metade com o poder público e metade com a iniciativa privada. Boa parte das obras para as quais fornece, porém, têm conexão com o poder público, especialmente Estados e municípios, que viram seus caixas minguarem.
A TTrans contabiliza hoje 30% de inadimplência nos contratos. Têm carteira de pedidos de R$ 200 milhões com prazo de 24 meses, sendo que a capacidade instalada supera os R$ 300 milhões anuais.
A expectativa é de que o mercado inicie uma retomada ainda este ano, o que facilitaria a condução da recuperação judicial. No momento, segundo o Valor apurou, a fabricante negocia com quatro fundos de private equity a entrada de recursos – dois brasileiros, um canadense e um americano. Conversas mais avançadas estariam sendo travadas com este último.
Nas negociações com potenciais investidores, a empresa fala numa expectativa de mais de US$ 3 bilhões em contratos a serem fechados no Brasil até 2019, levantamento que leva em conta obras de trens e metrôs previstas, como as da Linha 18 e da Linha 6 do Metrô de São Paulo.
Apesar da previsão de conseguir uma saída para os problemas financeiros, a decisão de recorrer à Justiça para se proteger dos credores foi tomada após a empresa não conseguir renegociar os prazos com bancos. Do total devido, 65% está concentrado com credores financeiros, como Itaú e Santander.
A empresa esteve presente em obras do metrô do Rio, de São Paulo e CPTM. É uma das empresas alvos da investigação conduzida pelo Conselho de Administração de Defesa Econômica (Cade) por formação de cartel em contratos de trem e metrô de São Paulo.