Por Chiara Quintão
O crédito devido pela PDG Realty ao Santander está fora da recuperação judicial da companhia, segundo o Valor apurou. A decisão foi tomada em conjunto pela PDG, pela administradora judicial PwC e pelo banco. O Santander tem R$ 147 milhões a receber da PDG, de acordo com fonte próxima às negociações.
A saída do Santander da recuperação judicial da PDG foi possível devido às garantias que a instituição financeira possui nos empréstimos que fez à companhia. O Santander tem cessão fiduciária dos recebíveis das Sociedades de Propósito Específico (SPEs), o que permite seguir com as amortizações regularmente. A holding não possui dívida com o banco.
A instituição financeira busca, agora, acelerar o repasse dos recebíveis dos clientes para que o máximo da dívida da incorporadora possa ser amortizado. Há chances, de acordo com a fonte, que o valor devido pela PDG ao Santander caia para menos da metade do atual até o fim do ano.
A PDG e seus principais credores financeiros precisam definir, até amanhã, acordo para os rumos da recuperação judicial da companhia. As discussões se concentram em qual deve ser o tratamento às SPEs com patrimônio afetado. O instrumento tem como princípio a segregação de ativos e passivos dos empreendimentos.
Em meados de julho, incorporadora e parte dos principais credores – Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Itaú Unibanco – solicitaram prazo adicional ao juiz que cuida da recuperação judicial – João de Oliveira Rodrigues Filho, da 1ª Vara de Falência de São Paulo – para negociar os termos da reestruturação. Bradesco e Santander também estão entre os maiores credores.
No entendimento da PwC, os empreendimentos com afetação devem ser incluídos na reestruturação, desde que haja critérios de controle, como vedar o uso de ativos de um empreendimento com patrimônio afetado em outro projeto com afetação.
No início de junho, a PDG apresentou 38 planos de recuperação, com R$ 5,75 bilhões sujeitos à recuperação. O plano principal inclui a controladora e a maior parte das 512 SPEs da companhia. Cada um dos 37 planos individuais se refere a um projeto com patrimônio de afetação.
Procurados, PDG e Santander não concederam entrevista.