Por Camila Souza Ramos
SÃO PAULO – A Teston, empresa do Paraná que fabrica e comercializa equipamentos para a colheita de cana, pretende apresentar um lance no leilão da Usina Vale do Ivaí, controlada pela indiana Renuka Vale do Ivaí, que está em recuperação judicial desde 2015. A informação, antecipada pela Reuters, foi confirmada pelo Valor.
Segundo uma fonte a par do processo ouvida pela reportagem, até o momento, a companhia paranaense, que é credora da Renuka do Brasil, é a única que manifestou interesse em participar do leilão judicial da usina localizada em São Pedro do Ivaí (PR), no dia 18 de dezembro. O edital do leilão não prevê um lance mínimo para a unidade produtiva isolada (UPI, que não carrega passivos).
A companhia que adquirir a usina, porém, terá que fazer investimentos adicionais na indústria e na parte agrícola para recuperar a produtividade da operação, segundo a mesma fonte. Atualmente, a Usina Vale do Ivaí conta com uma oferta de 3 milhões de toneladas de cana em seu entorno.
O leilão da unidade do Paraná ocorrerá no mesmo dia do leilão da Usina Revati, localizada em Brejo Alegre (SP), da Renuka do Brasil, que também está em recuperação judicial. As duas companhias são controladas pelo grupo indiano Shree Renuka Sugars.
Até o momento, o fundo Castlelake, que tem foco em ativos “podres”, foi o que mais apresentou interesse na Usina Revati e foi quem negociou com a empresa e os credores os termos do plano e do edital de venda, conforme já informou o Valor. Conforme a fonte, mais dois fundos indicaram que podem participar do leilão da unidade, mas não chegaram nem a consultar os dados da unidade.
Diferentemente da Usina Vale do Ivaí, a Usina Revati não operou nesta safra (2018/19). Para colocá-la em operação, o comprador terá que fazer um aporte de pelo menos R$ 30 milhões na indústria para a manutenção dos equipamentos, além de investimentos na área agrícola, afirmou a fonte ao Valor. Se o comprador tiver caixa, a oferta de cana poderá garantir a operação, já que a maior parte dos fornecedores da região costumam vender cana no mercado físico (spot), sem contrato.
O plano da Shree Renuka Sugars é se desfazer de todos os ativos que detém no Brasil no longo prazo. A Usina Madhu, em Promissão (SP), a segunda que a companhia controla em São Paulo, tem a venda já prevista no plano de recuperação aprovada pelos credores. Já a venda da Usina Cambuí, em Marialva, a segunda unidade da companhia no Paraná, não está prevista no plano, mas a expectativa é alienar o ativo no futuro, afirmou a fonte.
Fonte: Valor Econômico