Anac cobra na Justiça seguro de Viracopos

Anac cobra na Justiça seguro de Viracopos

Por Flávia Furlan

Embora analise uma saída via mercado para reaver os valores devidos pela concessionária do aeroporto de Viracopos, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) não desistiu ainda de recorrer à esfera judicial. A agência trava um embate nos tribunais contra as seguradoras Swiss Re e Austral para cobrar o pagamento de multas e outorgas devidas pela Aeroportos Brasil Viracopos (ABV) no valor total estimado em R$ 400 milhões.

A concessionária, em recuperação judicial há um ano, não pagou as parcelas da outorga e multas impostas pela agência, o que levou a acionamento no fim de 2017 do seguro garantia contratado junto às seguradoras Swiss Re e Austral.

No entanto, desde então, as seguradoras têm se negado a pagar os valores. Segundo o Valor apurou, as empresas defendem que só devem ser chamadas a arcar com algum valor se houver saldo devedor em desfavor da concessionária, depois de feita uma negociação sobre o reequilíbrio do contrato de concessão.

Até agora, as estimativas mostram que há saldo a pagar. As construtoras UTC e Triunfo, controladoras da ABV, alegam que têm a receber ao menos R$ 3,2 bilhões do governo pelos investimentos realizados durante o período da concessão, que iniciou em 2012. Já o total das outorgas que a concessionária deve à Anac está estimado em R$ 4,67 bilhões, considerando a data em que o processo de recuperação judicial foi protocolado.

O não pagamento da indenização por parte da Swiss Re e Austral levou a Anac a inscrever as seguradoras no cadastro de dívida ativa e ajuizar execuções fiscais contra as empresas. Em reação, as seguradoras pediram à Justiça Federal, no ano passado, que suspendesse essas medidas até que fosse feito o reequilíbrio do contrato.

Em dezembro, o juiz federal Leão Aparecido Alves, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, concedeu liminar impedindo que a Anac adote medidas de cobrança contra as seguradoras. Dessa forma, as três execuções fiscais da agência contra a Swiss re e Austral que correm na Justiça de São Paulo foram suspensas.

O Valor apurou que, em fevereiro, a Anac recorreu dessa decisão. Consultada, a agência diz que não comenta processos em andamento. Swiss Re e Austral também disseram que não iriam se pronunciar sobre o caso.

Essa não foi a primeira vez em que as seguradoras foram acionadas. Em 2017, elas pagaram uma conta de R$ 150 milhões referente a outorgas fixas e variáveis. As seguradoras arcaram com os valores, mas recuperaram a quantia depois de entrar com um processo na Justiça pedindo o ressarcimento à concessionária, caso que acabou com um acordo entre as partes.

Segundo o Valor apurou, as garantias da concessionária já estão se tornando escassas. A apólice de seguro está perto de seu limite de cobertura de R$ 442 milhões previstas para indenização.

Apesar da discussão nos tribunais entre a Anac e as seguradoras, o embate pode ter uma solução via mercado, caso seja aprovado o plano apresentado pela operadora suíça Zurich e pela gestora de fundos IG4 Capital para Viracopos.

As empresas propõem assumir a concessão e quitar os valores que já deveriam ter sido pagos em outorgas. Além disso, segundo o plano, renegociariam as parcelas futuras, arcando não com um valor fixo, mas sim com uma porcentagem que varia conforme a receita da operação. O plano ainda prevê um desconto de 40% sobre as outorgas.

No dia 16 de maio, ocorrerá a assembleia geral dos credores para avaliação do plano de recuperação judicial da ABV.

Segundo uma fonte que acompanha a disputa na Justiça, a saída via mercado é a melhor para as seguradoras porque evitaria o desembolso dos valores cobrados. Para esse mesmo interlocutor, caso Zurich e IG4 Capital assumam a concessão, haveria interesse do mercado em conceder garantias ao negócio, devido à especialização da operadora em administrar aeroportos e à reputação do fundo.

Fonte: Valor Econômico

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