Revlon entra com pedido de recuperação judicial nos EUA

Revlon entra com pedido de recuperação judicial nos EUA

Gigante dos cosméticos declarou dívidas de US$ 3,7 bilhões e vai continuar operando enquanto elabora um plano para pagar os credores

A Revlon entrou com pedido de recuperação judicial, pressionada pelas dificuldades geradas com a crise global na cadeia de suprimentos. A gigante da indústria de cosméticos lutava para gerenciar suas dívidas aproveitando um impulso mais amplo de vendas amparado por influenciadores de mídia social.

A negociação das ações da empresa na Bolsa de Nova York foi suspensa e, quando as transações recomeçaram, os papéis chegaram a cair 22%.

A companhia pertence à holding MacAndrews & Forbes, do bilionário Ron Perelman, e buscou proteção pelo Capítulo 11 da Lei de Falências dos Estados Unidos (equivalente à recuperação judicial no Brasil) no Distrito Sul de Nova York na terça-feira. Ela listou ativos totalizando US$ 2,3 bilhões no final de abril e dívidas de US$ 3,7 bilhões, de acordo com documentos judiciais.

Os registros do Capítulo 11 permitem que uma empresa continue operando enquanto elabora um plano para pagar os credores. A Revlon disse em comunicado que alinhou US$ 575 milhões em financiamento para apoiar as operações.

O pedido de recuperação judicial encerra um período tumultuado para a empresa, que sofreu durante a pandemia e enfrentou anos de queda nas vendas à medida que os gostos dos consumidores mudavam e novas marcas consumiam sua participação de mercado. Mais recentemente, a empresa disse que a crise na cadeia de suprimentos e a inflação estavam desafiando sua capacidade de acompanhar a recuperação da demanda do consumidor.

“A demanda do consumidor por nossos produtos continua forte – as pessoas adoram nossas marcas e continuamos a ter uma posição de mercado saudável. Mas nossa estrutura de capital desafiadora limitou nossa capacidade de lidar com questões macroeconômicas para atender a essa demanda”, disse a CEO da Revlon, Debra Perelman, em comunicado.

A empresa de 90 anos começou vendendo esmaltes durante a Grande Depressão e, mais tarde, adicionou batons coordenados à sua coleção. Em 1955, a marca era internacional.

O endividamento da empresa se mostrou pesado, especialmente depois que ela vendeu mais de US$ 2 bilhões em empréstimos e títulos para financiar a aquisição da Elizabeth Arden em 2016. Ela também possui marcas como Cutex e Almay, e está presente em mais de 150 países.

Nos últimos anos, a Revlon tem lutado para competir com marcas mais novas e de propriedade das rivais L’Oréal e Estée Lauder, que se voltaram para blogueiros de vídeo e personalidades do Instagram para impulsionar o crescimento. A pandemia deu mais um golpe nas vendas.

A Revlon evitou por pouco vários colapsos anteriores ao fechar acordos com credores para renegociar suas obrigações fora dos tribunais, e mais tarde se viu enredada em um dos erros mais infames do setor bancário quando o Citigroup – com a intenção de processar um pagamento de juros de empréstimo de rotina – em vez disso, pagou erroneamente a alguns credores da Revlon quase US$ 900 milhões.

Fonte: Valor Econômico

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