Operação, prevista no plano de recuperação judicial da operadora, resultará na emissão de mais de 262,1 milhões de novas ações da companhia
A Oi espera concluir no segundo semestre deste ano o aumento de capital que resultará na entrega de uma fatia acionária de até 80% da companhia a seus credores, informou nesta quinta-feira (15) o diretor-presidente da operadora, Mateus Bandeira, em teleconferência nesta quinta-feira (15).
Prevista no plano de recuperação judicial da Oi, a operação resultará na emissão de mais de 262,1 milhões de novas ações da companhia. A base acionária atual da Oi é composta por 66 milhões de papéis, incluindo as ações em tesouraria. Com o aumento de capital, os atuais acionistas ficarão com uma fatia de pelo menos 20% da Oi.
Concluída este mês, a reestruturação da dívida financeira da Oi resultou num corte de quase 70% do montante de débitos, que — a valor justo — caiu de R$ 27,4 bilhões, no primeiro trimestre deste ano, para R$ 8,5 bilhões no fim de junho.
Já o valor de face da dívida da Oi, ao fim do segundo trimestre, era de R$ 32,8 bilhões.
Fibra
A Oi vai concentrar seus negócios no segmento corporativo (B2B, na sigla em inglês), uma vez concluídas as alienações de sua carteira de clientes em fibra óptica e de sua participação na empresa de rede neutra V.tal, destacou Bandeira.
A primeira rodada do processo competitivo de venda da ClientCo, apelido dado à carteira de fibra que conta com 4,1 milhões de assinantes, teve apenas uma oferta, da paranaense Ligga, no valor de R$ 1,03 bilhão. O preço mínimo estabelecido nessa primeira rodada, realizada em julho, era de R$ 7,3 bilhões.
A proposta da Ligga foi rejeitada por credores da Oi, abrindo a porta para uma segunda rodada do processo competitivo, a partir da publicação de um novo edital do leilão nos próximos dias. “A audiência para abertura de propostas ocorre 15 dias depois”, explicou o diretor jurídico da Oi, Thalles Eduardo Silva Gracelacio da Paixão.
Nessa fase, não haverá preço mínimo e a operadora poderá aceitar propostas que prevejam “formas de pagamento alternativas” ou combinações de formas de pagamento, incluindo dinheiro, ações e compensações de créditos, esclareceu Paixão. O fechamento da operação deverá ocorrer até o início de 2025, acrescentou o executivo.
A Oi detém ainda uma participação de 17% no capital da V.tal.
AGU
Bandeira disse esperar que a solução consensual aprovada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) em julho, que permite a migração da companhia do regime de concessão de serviços de telefonia fixa para o de autorização, seja ratificada pela Advocacia-Geral da União (AGU) até meados de setembro.
“A nossa expectativa é de que o termo de autocomposição seja ratificado pela AGU até meados de setembro. Se o prazo for de 60 dias, nós estamos falando de 13 de setembro. E essa é a nossa expectativa: que seja ratificado sem nenhuma condição adicional”, disse o executivo.
A solução consensual homologada pelo TCU entre Oi, Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e Ministério das Comunicações prevê o desembolso de R$ 5,8 bilhões em investimentos no setor. O investimento ficaria a cargo da V.tal, empresa de rede neutra na qual a Oi detém participação acionária de 17%.
Bandeira disse ainda que a Oi vai retomar o processo de arbitragem instalado contra a União com o objetivo de compensar supostos desequilíbrios econômico-financeiros no contrato de concessão de telefonia fixa. “Teremos a retomada do processo de arbitragem imediatamente, tão logo tenhamos a ratificação do termo de autocomposição pela AGU”, disse.
Fonte: Valor Econômico